segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Sinto-me sozinho e abandonado

É isso mesmo. A minha vida é composta somente por um vazio interminável, doloroso, e cruel. Quem me dera nunca ter nascido, pois era da maneira que não andava por cá ao deus dará, a vaguear entre esta gente que me faz sentir á margem da sociedade. Toda a gente é a mesma coisa, e o único que é diferente sou eu. E isso é fodido. Andar por aqui sem mais ninguém como eu, incapaz de me compreender, e saber como é que a minha cabeça funciona, é frustrante. Mais que frustrante, é fodido. Há dias em que acordo de manhã, e apesar de ser ateu e contra a igreja, meto-me de joelhos, e rezo para que deus me faça igual ao resto de vossas excelências. Rezo para um dia acordar de manhã, e ter um vontade incontrolável de sacar o Crisys, o Biosock, e o Team Fortress 2, e andar 25 horas por dia viciado nesses jogos, só para me sentir integrado nesta sociedade obcecada por First Person Shooters.

Odeio first person shooters, e só não odeio o pessoal que gosta desse género de video-jogos, porque não pode ser. Não conseguíria confraternizar com o pessoal de maneira socialmente aceitável, logo, tenho que me conformar, e aceitar o facto de toda a gente ser uma besta, e eu ser o unico exemplar humano que percebe que esses jogos não valem um caralho.

Lembro-me de uma vez, quando ainda estava em liberdade, de ter tido uma conversa sobre video-jogos com um outro grunho qualquer. Eu disse-lhe que gostava do franchise do Hitman. E o gajo vira-se para mim, e diz-me que não curte esse tipo de jogos, porque são uma seca, e o que ele gostava era de andar aos tiros, porque lhe dava mais pica. Da minha boca ele ouviu um "ok", mas na minha imaginação, vizualizei-me a dizer-lhe que o gajo era um primata, pois não percebia a beleza por detrás de um jogo como o hitman, e que havia de morrer á fome e sede, com os tomates pregados ao chão de um prédio abandonado, infestado por ratazanas portadores de tuberculose.

Pior que a situação previamente apresentada, é quando eu estou na minha cela sem nada que fazer, e ninguém com quem foder. Nesse cenário, preciso de algo para me distraír, e tal coisa poderá passar por experimentar algum jogo que ainda não conheça. Então, ligo o messenger, e peço ao pessoal que me indique um jogo fixe. 9 em cada 10 vezes que faça essa pergunta, a resposta consiste sempre, pelo menos em parte, de um FPS. Esta merda é tramada, pois como o pessoal a quem dirijo tal pergunta são meus amigos, tenho que me esforçar para não me imaginar a mutilá-los com um alicate de pontas. E cada vez é mais dificil resistir á tentação de passar á pratica das varias técnicas inovadoras de tortura que já concebi.

Esta merda de género de jogo tornou-se popular com o Wolfenstein 3D. Mais tarde, tornou-se uma religião com o franchise do Doom, e teve como ponto mais alto, o Duke Nukem 3D. Este ultimo é o unico FPS que tinha alguma piada jogar. E na altura, os FPS's até eram um conceito inovador. O problema é que agora de inovador já não tem nada, e é tudo mais do mesmo. É mais ou menos como aqueles ursinhos de peluche e cervejas do sporting, do benfica, e do porto, que aqui a uns anos um gajo encontrava no Modelo (e se calhar ainda hoje há disso, mas como já estou encarcerado desde a idade média, não tenho a certeza de tal facto). Mudava-se a cor e o emblema, mas o resto continuava exactamente a mesma coisa. Com os FPS passa-se a mesma coisa: muda o enrredo, mudam os cenarios, mas o jogo continua igual: andar aos tiros a tudo o que se mexer, e chegar ao checkpoint antes de levar balazios suficientes para aparecer "game over" no ecran. A unica coisa que realmente evolui, foram os gráficos. Mas gráficos bonitos num jogo de merda, não fazem do jogo uma obra-prima. Mas pelos vistos resulta, pois o pessoal é nabo, e continua a consumir tais produtos. É tudo psicológico: se o departamento de marketing da empresa que lança o jogo anunciar ao publico que o jogo é extraordinário, e mostrar uns screenshots bonitos do jogo, então o pessoal vai penssar que é mesmo alguma coisa pela qual vale a pena gastar dinheiro (ou em alternativa, tráfego internacional).

E serei eu o único que não se sente confortável a jogar na primeira pessoa? Serei só eu que sente necessidade de ver o cabrão do boneco pelas costas, para ter uma ideia decente da minha posição em relação ao cenário, e aos objectos que rodeiam o boneco? As vezes dá jeito, não vá um gajo querer esconder-se do inimigo para não levar com um balazio nos cornos, mas afinal de contas levar mesmo, porque não está completamente escondido atrás do que quer que seja quer quer usar como escudo.

Será que mais ninguém além de mim já pensou, que não tem grande piada jogar na primeira pessoa, quando um gajo tem que usar á mesma um comando/rato/teclado, e um ecran para interagir com o jogo? Se é suposto entrarmos na visão do boneco, se calhar também tem lógica termos na mão uma arma, e um visor de realidade virtual. Já para não falar de outros promenores que ajudam a dar realismo, como por exemplo, em vez de ficarmos sentados, podermos levantar o cu da cadeira, e andar-mos mesmo pelo cenário, por intermédio de um tapete rolante adaptativo. Podia ser que servisse para o pessoal queimar as calorias que vai acumulando enquanto joga. Tambem seria interessante que quando os adversários disparassem contra o boneco, que um gajo levasse mesmo um tiro a sério. Era da maneira que começava a entrar em extinção toda a gente que fosse adepta desses jogos merdosos, e só cá ficava eu, sossegado, a jogar Hitman. Já me sinto sozinho quanto baste, e assim ao menos tinha espaço que sobra para esticar as pernas.

3 comentários:

Anónimo disse...

Agora que acabaste a merda dos estudos já tas menos sozinho!


Rui

Anónimo disse...

A ler em 2016...interessante

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