quinta-feira, 6 de maio de 2010

Uma coisa que eu não entendo...

Como já se sabe, eu sou um recluso. Isso implica que estou preso. Se estou preso, estou enfiado numa cela durante grande parte do tempo. Se estou enfiado numa cela grande parte do tempo, passo os dias sem nada para fazer. Tenho muito, mas muito tempo para queimar. Se há pessoa que está sempre a coçar os tomates, sou eu.

Tendo o parágrafo anterior em consideração, é perfeitamente natural que eu procure desesperadamente alguma coisa com que ocupar o cérebro, para não apanhar uma infecção nos tintins. E consigo agarrar-me a coisas mesmo aborrecidas, desde jogar Solitaire, ler artigos na Wikipédia, ouvir música, ver fóruns na net, e por ai fora. Acho que a actividade mais interessante que consigo encontrar para fazer, é mesmo contemplar o talento da Avy Scott e da Gianna Michaels no Xvideos.

Mas no entanto, apesar de todo o tédio com que tenho que lidar, há uma coisa que eu nunca tenho a minima vontade de fazer: visitar o Facebook. Vejam se percebem isto... eu tenho mais que tempo para andar sempre nas redes sociais. Mais tempo que o comum dos mortais. E mesmo quando não tenho tempo, arranjo forma de o arranjar. E no entanto, é simplesmente uma actividade para a qual eu não consigo dar importancia nenhuma, nem nos piores momentos de tédio. Simplesmente não quero saber, e nunca lá vou.

E é exactamente por isso que me custa a entender como é que pessoal que (supostamente) tem mais que fazer - como trabalhar para sustentar a familia, ou estudar para acabar um curso superior - consegue arranjar tempo e vontade de andarem metidos nessa merda. Onde é que esta gente vai buscar tempo para manter actualizado um perfil de facebook, e ainda andar a micar o perfil dos outros? Até percebo quando se trata de perfis de gajas podres de boas. Mas fotos de gajas boas é o que mais há na internet, e não é nada de exclusivo de redes sociais.

Porque é que gente normal se dá ao trabalho de disponibilizar num servidor público fotografias pessoais, que deveriam estar guardadas num caixa de sapatos (ou que no melhor dos casos, exibidas dentro de casa, com uma moldura bonita)? Isto para não falar na publicação de dados pessoais. Esta malta não se rala nada em publicar o seu nome, idade, localidade, data de nascimento, ocupação, e ainda a pessoa com a qual estão numa relação amorosa. Tudo isto se trata de informação que não convém partilhar ao desbarato. Nunca se sabe quem é que está a ver, porque é que está a ver, e como se servirá dessa informação. Como é que há tanta gente confortável com esta ideia de partilha de dados?

E mesmo que a internet fosse habitada apenas por santos e gente sã, para quê tal narcisismo? Para quê exibirem-se? Acordem.

2 comentários:

Rui Cruz disse...

Um dia tenho que te ir visitar. Dizes mesmo coisas fixes!

Anónimo disse...

encontrei o teu blogue por mero acaso, porque ando a fazer um trabalho sobre a formação em contexto prisional e achei extremamente interessante o que escreves-te sobre o facebook..no meu caso em particular criei-o porque tenho os meus amigos longe e é uma forma fácil e eficaz de comunicar e partilhar experiências sem estarmos ligados ao mesmo tempo..não é preciso ter-se muito tempo para actualizar porque basta uma frase e um clique e já está. quem passa grande parte do dia, como eu, agarrada ao pc é fácil ir dar uma vista de olhos e deixar uma recado, por mais absurdo que seja. estamos numa sociedade de novas tecnologias e na maioria das vezes não são utilizadas das melhores formas, há quem partilhe demais e depois sofra as consequências, para o resto pode ser apenas um passatempo entre as vastas horas de estudo ou mesmo um vício para colmatar a falta de vida social que tem, ou melhor não tem.
cumps

RaChe

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